O Governo Regional dos Açores vai investir 7,6 milhões de euros em obras em três matadouros da região no próximo ano, anunciou hoje o secretário regional da Agricultura, destacando o crescimento do setor da carne.
“Para 2022, está previsto um investimento na rede regional de abate de 7,6 milhões de euros, desde logo a construção do matadouro de São Jorge, investimentos no matadouro da ilha do Pico, na receção do gado e nas câmaras de frio, e investimentos também no matadouro de São Miguel”, adiantou o titular da pasta da Agricultura nos Açores, António Ventura.
O governante falava, em Angra do Heroísmo, à margem da assinatura de um protocolo com a Associação de Criadores de Raça de Aberdeen-Angus.
Segundo António Ventura, este ano já foram abatidas nos matadouros públicos dos Açores “58 mil cabeças de bovinos, que correspondem a um aumento de 9% relativamente ao 2020”.
O governante realçou ainda que se registou “um aumento de 4% relativamente ao consumo local, que já representa cerca de 30%” dos abates na região.
O secretário regional da Agricultura e Desenvolvimento Rural frisou que os Açores têm “carne de excelência”, alegando que é preciso dá-la a conhecer “não só aos açorianos, mas além fronteiras”.
O executivo tem também de “criar políticas para o desenvolvimento deste setor”, que é “essencial para os Açores, para a economia, para muitas ilhas, como complemento de rendimento a muitas famílias”, defendeu.
“É um setor com um potencial muito grande de progresso. Os produtores estão cada vez mais numa linha de desenvolvimento tecnológica, no âmbito daquilo que é a transição digital e a agenda verde”, salientou.
Segundo António Ventura, em 2022, o Governo Regional vai “criar um plano para a formação e experimentação e uma agenda para a investigação, no âmbito da bovinicultura de carne”.
O protocolo assinado hoje com a Associação de Criadores de Raça de Aberdeen-Angus, num montante de 33 mil euros, pretende comparticipar “tarefas de comunicação e de apoio aos associados”.
O titular da pasta da Agricultura considerou que este protocolo é representativo da importância que o executivo açoriano dá ao associativismo.
“Precisamos, nos Açores, que exista concentração de produção para que os produtores possam ter rendimento e bons preços. Essa concentração da produção para oferecer aos mercados só é possível se tivermos associações fortalecidas”, frisou.
A Associação de Criadores de Raça de Aberdeen-Angus, com sede na ilha Terceira, formada há 10 anos, conta atualmente com 270 sócios em Portugal e com um registo de 4.000 vacas adultas no livro genealógico.
João Mendonça, vice-presidente da associação, afirma que só nos Açores, estão registados cerca de 1.000 animais e “a raça que tem vindo a crescer ao longo dos últimos anos”.
O vice-presidente da associação reivindicou, no entanto, “um aumento do preço pago ao produtor” e alertou para os impactos do acordo entre a União Europeia e os países do Mercosul, que conseguem colocar a carne no mercado a preços mais competitivos.
“Os fatores de produção têm vindo a subir drasticamente e o preço da carne tem-se mantido”, apontou.
Fonte/Lusa